sábado , 8 de março
Dia Internacional da Mulher, será que temos o que comemorar?
Causa um embrulho no estômago ver as imagens feitas pelo fotógrafo espanhol Emílio Morenatti, que retrata mulheres paquistanesas agredidas por maridos, pais e familiares. As cicatrizes, mais do que rostos deformados, estampam uma sociedade doente, que seja aqui ou do outro lado do mundo, ainda trata as mulheres como saco de pancadas. Os casos de violência doméstica, quando chegam a desfechos trágicos, extrapolam as quatro paredes e ganham os noticiários.
Como esquecer Célia Regina Pesquero, química formada e doutorada na USP, onde era professora, que teve o maxilar fraturado pelo marido. Após a agressão, ele se jogou do 13º andar do prédio onde moravam, em Osasco, com filho do casal, Ivan, de 6 anos, no colo. Celia confirmou à polícia que “sempre apanhava”. Se no caso dela chama a atenção o alto nível de escolaridade, a realidade das mulheres brasileiras é alarmante em todos os níveis.
A pesquisa 'Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado" da Fundação Perseu Abramo, organizada pelo professor da Faculdade de Sociologia da USP, Gustavo Venturi, a violência contra a mulher permeia toda a sociedade, seja qual for o recorte, renda, cor, escolaridade, região, ou outro fator. O estudo investigou 20 diferentes modalidades de violência, agrupadas por controle ou cerceamento, violência física, psíquico-verbal, sexual e assédio.
Espancadas a cada 2 minutos
E revelou que 10% das entrevistadas já foram espancadas uma vez na vida – 20% dessas no último ano. Resultado: cinco mulheres são espancadas no Brasil a cada 2 minutos. “Durante muito tempo, a sociedade defendeu que em briga de marido e mulher não se mete a colher, as mulheres não encaram publicamente, as pessoas acham que é um problema do casal”, acredita Venturi. Quando questionados, os homens revelam a proximidade com a violência. “Dos homens entrevistados 50% disseram conhecer alguém que já bateu em mulher, e 25% tinham algum caso na família.”
O que motiva tanta violência? Em metade dos casos, tanto homens quanto mulheres declararam que a briga por causa da fidelidade é apontada como principal vilã, demonstrando que o tema da posse, do pertencimento ao outro, é a questão de fundo que mais alimenta essa violência. “Isoladamente é a principal razão. As questões relativas à autonomia delas (a mulher quer sair para trabalhar, escolher como se vestir ou voltar a estudar) geram 1/5 das agressões.”
Fonte: http://entretenimento.r7.com/mulher/dia-da-mulher-sera-que-temos-o-que-comemorar-08032014
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